sexta-feira, 27 de junho de 2008

Passagem

Contou até três e subiu no ônibus. Olhou em volta e o banco de sempre estava vazio. Se sentou e o veículo partiu. Em meio ao barulho do motor e de gente conversando ela se perde no seu pensamento. Ela sabe que o reencontro é iminente. E se cada parada é um adiamento deste encontro, é também a certeza de que se esta chegando mais perto.

O ônibus contorna a esquina e chega a avenida. Dali ela já consegue ver um pedaço da casa antiga que frequentara quando criança. O seu coração dispara. É um estúdio de dança flamenca, que num piscar de olhos surge por completo e que noutro desaparece, ficando para trás.

Cúmplice, o cobrador lhe sorri. Ela acelera mais o ônibus. Cada volta do itinerário é um incentivo a largar aquele emprego e se dedicar ao velho sonho de criança.

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