Feriado

Férias bem curtas, onde se passa mais da metade do tempo viajando.

Dores nas costas

João não aguentava mais. Decidiu, depois de muito relutar, que precisava ir ao médico. Muitos e muitos e muitos e muitos exames depois, o médico ainda não encontrava uma explicação. Outros foram consultados e nada era encontrado. João não sabia o que era pior: a dor que passava ou o temor de não saber o que se passava.

Autônoma

Sheila, paulistana, estudante de arquitetura. Sai quase todas as noites a vagar pela cidade sem saber ao certo aonde vai dar.... e quanto vai cobrar.

Espelho, espelho meu

Fernanda comprou um vestido. Juliana queria um ainda mais bonito. Juliana queria comprar uma nova toalha para sua mesa. Fernanda foi antes e comprou para si. Juliana e Fernanda, desde que se conheceram, eram assim: tudo era uma competição! Uma queria ser melhor do que a outra, mais do que outra, maior do que a outra. E as duas tinham tudo do bom e do melhor. Viviam para essa competição e não conseguiam enxergar mais nada a sua frente. Nada era suficiente enquanto não ganhavam uma da outra. Pena que elas não enxergavam que as duas sempre saiam perdendo.

Cotidiano

(CLIC)

Osvaldo abre os olhos. Sente ainda as pernas das duas lindas morenas que conhecera na noite anterior, e com as quais tivera maravilhosas horas de prazer momentos antes, entrelaçadas às suas. Uma arma está apontada para a sua cabeça, e acaba de ser engatilhada.

Momentos de tensão.

O gélido cano do trêzoitão encosta em uma das suas têmporas, e um arrepio de pavor lhe percorre a espinha. Está nervoso, será o fim? Um filme de sua vida passa pelos seus olhos. Lembra da infância, da primeira namoradinha da escola, daquela final de Tóquio, da primeira vez que comeu um Cachorro do Rosário, daqueles completos, lembra de tudo, tudinho. Então, recebe ordens:

- Acorda!!! Acorda!!!

E lá vai Osvaldo, resignado, escovar os dentes. É só mais um dia de trabalho que está começando.

(por Cassiano Ricardo Hess)

Brevidade

Encontro de escritores de minicontos. Uma reunião breve, alegre, cheia de ideias. Estórias curtas, engraçadas ou tristes. Todas destiladas diretamente do cérebro de seus autores. E nenhuma caneta para registrá-las.

Selva de Pedra

Luiz trabalhava como um burro. Comia como um passarinho. Luiz suava como um porco para pagar todas as contas e, todo ano, seu dinheiro termina com o Leão.

Pecado não original

Mamãe, porque o papai não mora com a gente?
Sei lá, meu filho, reclama pro bispo.

Sentença

Eu vos declaro Marido e Mulher.

Sedenta

E ela lambeu, lambeu, lambeu, lambeu, lambeu, lambeu, lambeu com vontade.
Esgotou rapidamente seu potinho de água, a cadelinha.

Brincadeira de Criança

Mais uma reunião de família. Os pais sentados conversando e a criançada correndo de um lado para o outro, caos total. Luisinho, o mais sapeca de todos, começa a gritar "esconde-esconde!" e aponta para um dos primos, que se encosta na parede e começa a contar enquanto acontece o que pode ser descrito como o estouro da boiada. Luisinho pega uma das primas pela mão e, juntos, se escondem no armário de um dos quartos. Lá, no escurinho, é que a brincadeira realmente começa.

Sentimentos #08

Viajar de avião é como andar de montanha russa: é bom, mas sempre dá aquele friozinho na barriga. E nos dois casos a melhor parte é chegar no destino final.

Silêncio

Mais um dia cansativo. Era seu aniversário. Ninguém havia ligado, nem dito nada. Ela começava a suspeitar de que teria uma festa surpresa. Sua mãe havia pedido sua chave algumas semanas atrás. Antes de chegar em casa, aproveitou o espelho do elevador para dar aquela última ajeitada no cabelo e retocar a maquiagem. Antes de abrir a porta do apartamento, ainda deu uma última suspirada, pensando "nossa, eu tenho amigos muito legais!". Abriu a porta e.... NADA!. Ela ascendeu a luz. Ninguém estava lá. Olhou atrás do sofá. Abriu os armários! Nossa, que ilusão. Não era possível que todos haviam esquecido. Ligou o seu computador. Pelo menos no orkut deveria ter algum recado! Nada! Ela havia desabilitado o aparecimento do seu aniversário!

Parabens...

pra vc! nesta data querida..."
Todos cantavam. Mas Lucinda, a aniversariante, estava longe nos seus pensamentos. Para ela, esse era um dos momentos mais tensos de sua vida. Todo ano era a mesma coisa...

"Com quem será? Com quem será?..."
Acho que Lucinda adora essa enrolação. Quanto mais músicas, melhor!

"É big, é big.. é hora, é hora..."
Até que chega o momento. É inevitável. Finalmente ela tem que soprar a velinha, e fazer o seu pedido. O pedido que determina tudo.... Ela pensa, pensa, pensa! Nada vem a sua cabeça...começa a suar frio... não está mais escutando nada... começa a ver tudo embaçado, branco.. Até que o filho da vizinha assopra a velinha.

Novos tempos

Tinha sido uma festa de arromba. Todos os seus amigos foram. Isso era um recorde!! Até o Samir, direto dos EUA. A Cris de Dublin. E a Ju de Lisboa. Joana estava feliz: esta era a sua primeira festa virtual! Sem presentes, mas como todos os seus amigos.

Aniversário de Ecléia, a Cartomante

Oi Suzana, amiga! Obrigada por ter vindo na minha festa! Pode deixar o porta-retrato com a nossa foto em cima da mesa da cozinha com os outros pacotes, aproveita para pegar um pouco de gelo que tu irás bater a canela na mesinha de centro e te prepara que as meninas do clube já estão chegando com o bolo surpresa de chocolate com morango.

Precoce Idade

As garotas reunidas, todas tentando consolar a aniversariante. Mesmo com a festa do jeito que queria, Priscilla não conseguia evitar as lágrimas. Não entendia porque o Lucas tinha vindo até a sua casa mas insistia em mostrar seu desprezo. Todas as amigas diziam que ele era apenas um garoto mimado, que ele teria que amadurecer muito pra saber apreciar uma mulher como ela. Ouvindo tudo isso, Pri não conseguia parar de comer... Aos dez anos de idade, já enfrentava os problemas de gente grande.

Presente de Joana

Era aniversário de Joana, e seus amigos não sabiam o que fazer. Joana era chata que só vendo: exigente, ranzinza e muito, muito, muito rigorosa. Como agradar uma pessoa assim? Mal eles sabiam que ela valorizava justamente as coisas mais simples e óbvias do mundo: um cartão, flores e bombons.

SPC

Até gostaria de comprar todas essas roupas, mas não sei se devo.

Estória de Cinema

Maria das Dores sempre sonhou com o dia que um príncipe viria resgatá-la em seu cavalo branco, livrando-a das garras de seus terríveis pais. Foi melhor do que esperava: Genivaldo, além do cavalo branco, tinha sua própria carroça e seu próprio castelo na Vila Quebra-Costela.

Dissabores

Kathiane sempre gostou de Páscoa. Esse ano não foi diferente. Passou três dias comendo todos os chocolates possíveis. Um dia, comeu todos os bombons. No outro, foi só chocolate branco. No final, ficou com os caramelos e os coelhinhos de baunilha. Quando enfrentou a balança na segunda-feira, foi tomada por um sentimento meio amargo.

Difícil decisão

Cara ou coroa? Palitinhos? Sorteio? Luciana estava indecisa, afinal como escolher entre passar um dia no Rio de Janeiro ou em Niterói? Pensando rápido, a escolha parece óbvia. Até que ela se dá conta e se decide. É Niterói, que tem o privilégio de admirar as belezas do Rio.

Precedentes

Estados Unidos, 1950. Era o dia dos últimos testes, depois de cinco anos de pesquisas intensas. Chegou atrasado porque o despertador estragou durante a noite. O ônibus que pegou se atrasou por conta de um pneu furado. Ao bater o ponto, a máquina mastigou seu cartão. Chegou na cafeteira a tempo de ver seu colega terminar com o café. Sem a bebida, esqueceu de calibrar a pressão do equipamento, o que passou despercebido até que um dos pistões estourou. Bem na hora em que seu chefe mostrava as instalações para seus superiores, cobrindo-os de um óleo espesso. Não conseguia acreditar no que acontecia em seu dia, nem entendeu quando o Departamento de Recursos Humanos o convidou a se retirar. Traumatizado, Murphy nunca mais foi o mesmo.

Crise

Apesar de tudo o que o presidente falava, o País não conseguia superar a "marolinha". Por mais que houvesse incentivos federais, parecia haver alguma coisa segurando a Indústria nacional. E a cada noite, Lula se desligava dos problemas do Governo, deitado na cama ao lado de dona Marisa, como qualquer casal normal, vendo BBB. Esquecia de tudo durante aqueles momentos e sempre perdia um tempo no Palácio do Planalto conversando no dia seguinte com seus assessores sobre os acontecimentos na casa mais vigiada do Brasil. Nem percebeu que a Economia voltou a crescer depois de mais uma final.

Essa passou raspando!

Josinelson já havia tomado todas, mas mesmo assim resolveu arriscar. Havia, sim, uma barreira de brigadianos a alguns metros a sua frente, mas azar, já não pensava direito.

Josinelson, meio tonto, deu alguns passos para trás, e acelerou em direção aos brigadianos. Quase tropeçando, mirou no meio da bola e deu um bico, que passou raspando a cabeça do Sargento, acertando o travessão do gol adversário.

Uhhhhhh, gritaram os policiais, que curtiam a confraternização de final de semana com o pessoal do batalhão.

Surpresa!

Fazia um tempão que Eduardo havia se isolado do seus amigos de colégio. Era seu aniversário, e que bela ocasião para reunir a galera!

Fez um belo de um convite no photoshop, catou os emails de todos orkut afora, e mandou aquele spam para todo mundo! Que sucesso!

Eduardo chegou no local, na data e hora marcada, e não é que os amigos haviam lhe reservado uma bela surpresa?

Ninguém apareceu.

O drama da seca nordestina

Oh mãinha, purquê qui os menino não me gostam?

Recordação

Acabou o jogo! Fernando se levanda na arquibancada ainda eufórico. Três a zero e um banho de bola! Que jogaço! Nunca havia visto a seleção brasileira de tão perto.

Mas ele não podia ir embora de mãos vázias. Tinha que levar alguma recordação, uma camiseta, uma boa, qualquer coisa. E foi ai que Fernando viu dois garotos ali perto com uma bola que havia sido chutada para a torcida. Hummm, meu souvenir!

Fernando foi chegando perto, chegando perto e zupttt!!!!! A chuteira esquerda arremeçada pelo Pato atingiu certeiramente o seu ouvido direito.

Fernando desmaiou, mas conseguiu sua recordação: um galo, presente do Pato.

Sentimentos #07

Trabalho, stress, função, correria. A vida de hoje pode estar mais agitada, mas temos uma vantagem sobre as gerações anteriores: um sorriso, um abraço, um carinho são muito mais valorizados.

Consciência

Ronaldo fazia de tudo para ajudar o planeta. Era vegetariano, mesmo cercado de churrascarias. Seu meio de transporte era a bicicleta, mesmo morando a 10 quilômetros do trabalho. Participava de todas as campanhas a favor do meio ambiente, reciclando o que podia e poupando energia sempre que dava. Era um agente de transformação, um cara calmo e sensível. Só se alterava quando resolviam poupar eletricidade durante o seu banho.